terça-feira, 3 de novembro de 2015

SITUAÇÃO DOS BANHEIROS PÚBLICOS - JORNAL A CIDADE


Usar banheiros públicos é desafio em Ribeirão Preto

Sanitário na Praça XV de Novembro não tem uma torneira sequer; usuários reclamam do descaso


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Mastrangelo Reino / A Cidade
No sanitário masculino do parque Maurílio Biagi, paredes internas e pias estão pichadas (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
 LEIA O REQUERIMENTO APRESENTADO PELO VEREADOR BETO CANGUSSU ((leia o requerimento) A MATÉRIA DO JORNAL A CIDADE 

Utilizar os banheiros públicos tem sido um desafio para a população, que tem de lidar com a total falta de infraestrutura. Além disso, os espaços são vandalizados – torneiras e papel higiênico são furtados, paredes são pichadas e em um dos casos o sanitário segue aberto 24 horas porque o portão foi arrebentado. O A Cidade visitou cinco banheiros públicos e em todos havia problemas.
A situação mais grave é a do sanitário da Praça XV de Novembro, no Centro, que está com a parede e a porta pichadas e sequer há uma torneira para lavar as mãos (leia mais à esquerda). “O cheiro está péssimo e precisa de uma manutenção urgente. Vou sair daqui sem lavar a mão, fazer o quê”, reclama o segurança Márcio Prado, 37, que afirmou utilizar praticamente todos os dias o sanitário na Praça XV.
Foram analisadas as situações dos banheiros públicos das praças XV e das Bandeiras, no Centro, dos parques Curupira e Maurílio Biagi, e do sanitário do terminal da avenida Jerônimo Gonçalves, inaugurado em junho. Mesmo recente, esse último banheiro já apresenta problemas.
Mastrangelo Reino / A Cidade
Na Praça XV de Novembro, sequer as pias têm louça, sobrou apenas a bancada com as aberturas (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
Praça XV
No sanitário masculino da Praça XV, no Centro, a parede externa e a porta estão pichadas, há um vitrô quebrado e as três torneiras existentes estão quebradas. Sequer as pias têm louça – sobrou apenas a bancada com as aberturas. O mau cheiro é insuportável e não há espelhos.
A cabine para deficientes físicos está fechada com um arame e o acesso é impedido. O suporte da toalha de papel foi arrancado por vândalos e não foi substituído.
“A situação é muito precária, estou saindo sem lavar a mão porque não tem torneira. Utilizo aqui até três vezes por semana e está sem torneira há pelo menos oito meses. É o mínimo para a higiene haver uma torneira em um banheiro”, reclama o aposentado Odair de Prince, 65 anos.
Mastrangelo Reino / A Cidade
No sanitário masculino do parque Maurílio Biagi, paredes internas e pias estão pichadas (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
Parque Maurílio Biagi
No sanitário masculino do parque Maurílio Biagi, paredes internas e pias estão pichadas. Das três torneiras, somente uma funciona e, das cinco cabines disponíveis, somente duas estão em uso. Os dois vasos sanitários que restam estão sem assento e as lâmpadas estão queimadas.
“Esse banheiro sempre foi bem cuidado, mas a situação piorou depois que reabriram o parque, no início do ano. Durante os sete meses que ficou fechado tiraram as torneiras, os três espelhos e picharam tudo. Antes de o parque fechar o banheiro tinha luz, agora está sem”, resume Adenilson Almeida, 38, funcionário da lanchonete do parque.
Mastrangelo Reino / A Cidade
No Parque Curupira, dois dos quatro mictórios estavam interditados (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
Parque Curupira
No sanitário masculino do parque Curupira, dois dos quatro mictórios estavam interditados. Dentre as quatro cabines, apenas uma funcionava – as outras tinham descarga quebrada, o vaso estava entupido ou sem válvula. Na única cabine que funcionava, o vaso não tinha assento. Não havia energia elétrica.
“Quando eu preciso ir ao banheiro à noite eu utilizo o de uma loja daqui do lado”, disse um funcionário do parque que preferiu não se identificar.
No sanitário feminino, o banheiro para deficiente estava inutilizado servindo como depósito de objetos. Das quatro cabines, três funcionavam e só uma delas tinha assento. Uma delas estava sem porta há mais de dois anos. A pia estava escorada por duas estacas de madeira.
Apesar dos problemas, os dois banheiros estavam limpos. Uma equipe composta por 12 funcionários municipais esteve nos sanitários na última terça-feira para providenciar os reparos.
Mastrangelo Reino / A Cidade
Temrinal da Jerônimo Gonçalves: embora apresente a melhor estrutura entre os cinco banheiros, estava sem papel higiênico (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
Terminal da Jerônimo
O terminal da avenida Jerônimo Gonçalves foi inaugurado há somente quatro meses, mas o sanitário do local já apresenta problemas.
Embora apresente a melhor estrutura entre os cinco banheiros públicos analisados pela reportagem, o sanitário masculino não apresentava papel higiênico disponível na segunda-feira à tarde, quando a reportagem esteve no local. Além disso, quatro ralos haviam sido furtados.
“O melhor banheiro público é esse, mas não tem papel”, diz um usuário que costuma levar o papel de casa para utilizar os banheiros públicos. Ele preferiu não se identificar à reportagem.
Mastrangelo Reino / A Cidade
Na Praça das Bandeiras, não é possível lavar a mão há pelo menos cinco meses (foto: Mastrangelo Reino / A Cidade)
Praça das Bandeiras
A área externa dos sanitários masculino e feminino está pichada e não há mais torneiras nos dois banheiros. Segundo um funcionário que limpa o local e que preferiu não se identificar, não é possível lavar a mão há pelo menos cinco meses. “Água tem, mas não tem torneira”, diz. Todas as lâmpadas do sanitário masculino estão queimadas e há duas lâmpadas queimadas no sanitário feminino. Há cinco meses, a porta de uma das cabines foi furtada. Há uma parede de concreto solta no banheiro masculino que coloca os usuários em risco.
O portão que dá acesso aos sanitários foi arrebentado por vândalos há mais de seis meses. “Dá muita tristeza, o pessoal xinga a gente e acha que nós somos os culpados de os banheiros estarem nessa situação”, reclamou Deuzanira Jesus de Oliveira, 51 anos, funcionária da limpeza.
“A situação está deplorável, o mínimo que deveriam fazer é colocar as torneiras”, reclama o empreiteiro Milton Lopes Cruz, 45, que utiliza diariamente o banheiro público da Praça das Bandeiras.
Prefeitura começa manutenção
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura informou que os banheiros do parque Curupira receberiam na última terça-feira uma equipe para manutenção. O A Cidade voltou lá e constatou que os reparos foram providenciados.
Segundo a prefeitura, foram feitos reparos nos sanitários públicos do parque Maurílio Biagi terça, quinta e sexta-feira, quando os serviços foram finalizados. O A Cidade voltou, na última sexta-feira, ao sanitário masculino e a situação era a mesma.
“Um processo licitatório está em andamento para a reforma dos banheiros das Praças XV e das Bandeiras”, completou. A secretaria não citou, no entanto, qual a previsão de quando os sanitários públicos dessas duas praças receberão melhorias.
Sobre o sanitário masculino do recém-inaugurado terminal da avenida Jerônimo Gonçalves, o consórcio PróUrbano esclarece que a reposição de papel é feita diariamente, no entanto todos os dias são furtados rolos de 300 metros de papel higiênico e papel toalha.
“Retiram o parafuso da papeleira e levam todo o pacote, além de frequentemente levarem as próprias papeleiras, torneiras, ralos e sabonete líquido. Fazemos a reposição de todos esses itens com frequência, mas os furtos são diários”, declara o consórcio, em nota.  

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